terça-feira, 5 de janeiro de 2010

NÓS E O TEMPO

O tempo não pode ser medido.
Para entendê-lo,
seiscentos anos de estudo
ou seis segundos de atenção
Depois de algum tempo, você começa a olhar para o tempo. Sente que precisa de mais tempo e não sabe se ainda tem muito tempo.
Em alguns momentos temos muito, não agüentamos. Mas em outros, imploramos por mais.
Entretanto, será que não podemos controlá-lo? Ele fica escondido dentro dum celular, fixo em algum pulso, preso em qualquer parede. Mas é esperto, se esquecermos dele por alguns instantes, ele escapa. Quando você percebe, o tempo passou.
Você aponta e diz que foram alguns minutos, porém, ele censura e diz que foram horas. Dias? Não, foram anos inteiros.Dizem que o tempo é relativo. Eu penso que ele é justo. Sem preferências, ele atende igualmente a todos. Seria como um presente. Apreciar ou maltratar, cada um escolhe o que vai fazer.
Alguns são mais cautelosos, preferem investir no tempo. Guarde o hoje para usufruir amanhã. Cautelosos, esses não abusam do tempo. Nada de desperdícios. Manobras arriscadas podem colocar em risco o pouco tempo que tem. Que nome iremos dar para isso? Desperdício?Outros são ousados, usam e abusam do tempo. Diferente dos primeiros, acham que não vale apena se guardar para ter tão pouco. Vivem arriscando. Perder todo o tempo ou usufruí-lo em dobro. Que nome iremos dar para isso? Insanidade?
Durante o tempo que vivi, sempre preferi pensar que o tempo tem duas caras. Existe o tempo real, aquele previsível e plenamente rotineiro. Podemos nos organizar e sempre contar com ele, reservando cada fatia para determinado momento. Ao seu lado, existe o tempo metafísico, que dura muito mais que o tempo real. Talvez seja eterno.Os dois tempos são interdependentes. Quem os julga é a memória, a mãe de todos os tempos.

Para ficar mais claro. Existem coisas que repetimos por anos no tempo real, como dormir ou comer, mas no tempo metafísico, não representam quase nada. Por outro lado, há coisas que fazemos em segundos no tempo real, como dizer certas palavras, que parecem quase nada, mas que podem ecoar para sempre no tempo metafísico. Podemos ficar horas fazendo algo e não fazer nada. Entretanto, podemos fazer algo por segundos e se arrepender pelo resto da vida.

Em qual dos dois iremos ficar? Nem tudo que é eterno é bom e o que é efêmero é ruim. Depende do tempo. Se será isso ou aquilo, o tempo determinará. Nada passa pela prova do tempo.

O tempo não pode ser medido. Para entendê-lo, seiscentos anos de estudo ou seis segundos de atenção.
Queria ter mais tempo, mas tenho medo de ter tanto tempo. Morrer de fome por tão pouco ou se perder com tanto. O que farei com meu tempo? Só o tempo vai dizer.

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